ESTUDO SISTEMATIZADO
DA DOUTRINA ESPÍRITA
TOMO I - PROGRAMA FUNDAMENTAL- MÓDULO I -
ROTEIRO 4
MÓDULO
I: Introdução ao Estudo
do Espiritismo
OBJETIVO
GERAL: Propiciar conhecimentos gerais
sobre a Doutrina Espírita
ROTEIRO 4: Pontos principais da Doutrina
Espírita
OBJETIVO: Apresentar os pontos
principais da Doutrina Espírita, de acordo com o resumo existente na Introdução
de O Livro dos Espíritos.
CONTEÚDO BÁSICO
Allan
Kardec, no item VI da Introdução de O Livro dos Espíritos resume os pontos
principais da Doutrina Espírita. Dentre esses pontos (princípios), destacam-se:
1. A existência de Deus, como criador do
Universo.
2. O mundo espírita habitado pelos Espíritos
desencarnados.
3. A encarnação e reencarnação dos Espíritos
na Terra e em outros mundos.
4. O melhoramento progressivo dos Espíritos,
que passam pelos diversos graus da hierarquia espírita até atingirem a
perfeição moral.
5. A relação constante dos Espíritos
desencarnados com os homens (Espíritos encarnados).
6. A existência do perispírito, envoltório
semimaterial do Espírito.
7. Os ensinos morais dos Espíritos Superiores,
que podem ser sintetizados, como os do Cristo, na máxima evangélica fazer aos outros os que desejaríamos que os
outros nos fizessem.
SUBSÍDIOS
Allan
Kardec, na Introdução de O Livro dos Espíritos, item VI, trata dos pontos
principais dos ensinos transmitidos pelos Espíritos Superiores. Ressalta,
primeiramente, que (...) os próprios seres que se comunicam se designam a si
mesmos pelo nome de espíritos ou gênios, declarando, alguns, pelo menos, terem
pertencido a homens que viveram na Terra. Eles compõem o mundo espiritual, como
nós constituímos o mundo corporal durante a vida terrena. (1)
Passa,
em seguida, a resumir esses pontos principais:
·
Deus é eterno, imutável, imaterial, único,
onipotente, soberanamente justo e bom. Criou o Universo, que abrange todos os
seres animados e inanimados, materiais e imateriais. Os seres materiais
constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo
invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
·
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo,
eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. O mundo corporal é secundário;
poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se
alterasse a essência do mundo espírita.
·
Os Espíritos revestem temporariamente um
invólucro material perecível, cuja destruição pela morte Ihes restitui a
liberdade. Entre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a
espécie humana para a encarnação dos Espíritos (...). (1) A alma é um Espírito
encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
·
Há no homem três coisas:
1. O CORPO
ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital.
2. A ALMA ou ser imaterial, Espírito
encarnado no corpo.
3. O LAÇO que prende a alma ao corpo,
princípio intermediário entre a matéria e o Espírito. (...) O laço ou
perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório
semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito
conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no
estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo
tangível, como sucede no fenômeno das aparições. (2) O Espírito não é, pois, um
ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser
real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo
ouvido e pelo tato.
·
Os espíritos pertencem a diferentes classes e
não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em
moralidade.
1. Os da primeira ordem são os Espíritos
superiores que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos,
sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem:
são os anjos ou puros Espíritos.
2. Os
das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição,
mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados (contaminado)
das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. (3).
3. Os
Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram
passando pelos diferentes graus de hierarquia espírita. Esta melhora se efetua
por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão.
A vida material é uma prova que Ihes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam
atingido a absoluta perfeição moral. (3)
Deixando
o corpo, a alma volve (volta) ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para
passar por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos
longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante (não encarnados)
(3).
Tendo
o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido
muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas,
quer na Terra, quer em outros mundos. (4)
A
encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro
acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal. (4)
As
diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca
regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para
chegar à perfeição. (...) Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos
do Universo. Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e
circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e
acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em
torno de nós. (4)
Os
Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo
físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das
potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então
inexplicados (não
explicável; obscuro) ou mal explicados e que não encontram
explicação racional senão no Espiritismo. (4)
As
relações dos Espíritos com os homens são constantes.
Os
bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos
ajudam a suporta-Ias com coragem e resignação.
Os
maus nos impelem (mover) para o mal; é-Ihes um gozo ver-nos sucumbir e
assemelhar-nos a eles. (5)
As
comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas.
As
ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa
revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. (...)
Os
Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação. (...)
Os
Espíritos são atraídos na razão da simpatia que Ihes inspire a natureza moral
do meio que os evoca. Os Espíritos Superiores se comprazem nas reuniões sérias,
onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem,
de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores
que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade
entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que
existam maus instintos. (6)
Distinguir
os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil.
·
Os Espíritos superiores usam constantemente
de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade (...).
·
A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é
inconseqüente, amiúde, trivial e até grosseira. (6)
A moral dos Espíritos superiores se resume,
como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer
aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o
bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de
proceder, mesmo para as suas menores ações. (...) Ensinam [os Espíritos
Superiores] (...) que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o
hipócrita será desmascarado e patenteadas (tornar claro, evidente) todas as suas torpezas (desonestidade, desvergonha),
que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem
houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que
ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e
gozos desconhecidos na Terra.
Mas,
ensinam também não haver faltas irremissíveis (que não se pode remitir ou perdoar)
que a expiação (remir
a culpa, sofrer as conseqüências) não possa apagar. Meio de consegui-lo
encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente
aos seus desejos e esforços, na senda (caminho estreito) do progresso, para a perfeição,
que é o seu destino final. (7)
Eis,
assim, os pontos principais da Doutrina Espírita, que serão desenvolvidos no
transcorrer deste Curso.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 83. ed. Rio
de Janeiro: EFB, 200. Introdução, item, IV, p. 23
2.
p. 23-24.
3.
p. 24.
4.
p. 25.
5.
p. 25-26.
6.
p. 26.
7.
p. 27.
GLOSSÁRIO
(Dicionário de termos
técnicos, científicos, poéticos, vocabulário que figura como apêndice a uma
obra, principalmente para elucidação de palavras e expressões regionais ou
pouco usadas. Baseado no Dicionário Aurélio Eletrônico)
EIVADOS: Produzir mancha em.
Contaminar, infectar (física ou moralmente). Defeito físico ou moral.
BOM: Do lat. bonu.
Benévolo, bondoso, benigno.
Misericordioso, caritativo. Rigoroso no cumprimento de suas obrigações.
Que alcançou alto grau de proficiência; eficiente, competente, hábil. Digno de
crédito. Perfeito, completo.
DEUS: Do lat. deus.
Princípio supremo considerado pelas religiões como superior à natureza. Ser
infinito, perfeito, criador do Universo.
Nas religiões politeístas, divindade de personificação masculina,
superior aos homens, e à qual se atribui influência especial, benéfica ou
maléfica, nos destinos do Universo. Sentido
Figurado: Objeto de um culto ou de um desejo ardente, que se antepõe a
todos os demais desejos ou afetos. Sentido
filosófico: Princípio supremo de
explicação da existência, da ordem e da razão universais, e garantia dos
valores morais.
ENCARNAÇÃO: Do lat.
incarnatione. Cada uma das existências do espírito materializado, segundo a
crença espiritista. Em algumas religiões: Mistério pelo qual Deus se fez homem.
ETERNO: Do lat. aeternu. Que
não tem princípio nem fim; que sempre existiu e existirá. Que não tem fim;
constante, incessante. Imutável, inalterável. De duração indefinida: Deus.
Homem virtuoso (disposições constantes do
espírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do bem).
IMATERIAL: Do lat. immateriale. Que não tem a natureza da
matéria; não material; impalpável (tocar com a mão para conhecer pelo tato).
IMUTÁVEL: Do lat. immutabile. Não sujeito a mudança;
imudável.
ONIPOTENTE: Do lat. omnipotente. Que pode tudo; que tem
poder absoluto; todo-poderoso. Deus.
SEMIMATERIAL: Que é material apenas
em parte; quase material. [De SEMI
(metade, meio, um de dois, um tanto) + MATERIAL
(corporalidade, carnalidade, pertencente ou relativo a matéria, não
espiritual)
SOBERANAMENTE JUSTO: [SOBERANO: que está de cima. Que detém
poder ou autoridade suprema, sem restrição nem neutralização. Supremo, absoluto.
Indivíduo ou ser moral que exerce o poder soberano; imperante.] [JUSTO: Conforme à justiça, à eqüidade,
à razão. Imparcial, reto; íntegro. Exato, preciso. Legítimo, fundado.
ÚNICO: Do lat. unicu.
Que é só um. Exclusivo; excepcional. Superior a todos os demais. Sentido filosófico: Diz-se de ser com
quem nenhum outro se identifica.